quinta-feira, 21 de maio de 2009

Entre o céu e a terra


O quanto vale o peso e a leveza? O bom e o ruim? O melhor ou o pior? A vida ou a morte? Um poço de contradição. Um precisa do outro para existir. A comparação segue tendo de um lado uma coroa e de outro uma cara. Se formos livres, temos liberdade, leveza, voamos ao desconhecido e ao bel prazer da vida. Porém somos insignificantes para a terra. Se formos árduos, pesados, esforçados, estamos fincados na terra como raízes que erguem árvores nas costas. Se a vida é um esboço, é um esboço do inacabado eterno momento de volta. Perdoar, voltar atrás, nada mais é do que o cinismo do imperdoável. Se vivermos uma vez, somos gratos à vida que temos pelo o seu momento singular. Único como amar. O amor que evoca o convite, a presença, o íntimo, e o fim. O fim que nos torna um único meio de certeza. A pluralidade e as contradições são meios de nos tornarmos um expoente de um “ícone global”, chamado vida.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O universo, como uma roda gigante


A vida é uma roda gigante. A avistamos sentados nas cadeiras que nos levam pra cima e pra baixo. Num girar lento e contínuo, nos vemos grandes e pequenos. Com amplos poderes ou menores. Estamos todos juntos girando. Não importa se somos crianças, adolescentes, adultos, idosos, todos fazemos parte desta esfera redonda, a “tal” roda gigante.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ps...

...o álbum do ano, talvez ainda não tenha saído, é esperar o que o Wilco nos aprontará desta vez. No entanto, o "problema" é o primeiro lugar da lista. Pois os Manics lançaram uma obra irretocável. Vai ser páreo duro pro Wilco. Mas em se tratando de Jeff Tweedy, nada é impossível. Em 30 de Junho teremos o veredicto.

Listas, Nick Hornby, "Alta Fidelidade"

Confesso, eu adoro as listas de final de ano. Ainda mais aquelas que são de cunho cultural. Acho bacana, pois você compara a lista dos outros com a sua, vê se existe uma “certa” lógica ou não, conforme a sintonia ao seu gosto particular, do que se escuta, lê e assisti, e sendo a lista boa, serve de incentivo para suas próximas pesquisas ou aquisições culturais. Enumerá-la é uma tarefa árdua, pior se for em ordem crescente de predileção. É um quebra-cabeça de “mil peças” onde cada uma tem o seu lugar no contexto final da sua resolução. Uma lista é momentânea. Refere-se ao tempo e espaço em que cada obra foi inserida para cada sociedade. E, em alguns casos, pode-se valer de fatos reais e particulares. Revelando nas entrelinhas ou não, o sentimento de abandono, raiva, felicidade, calmaria, liberdade, desejo, angústia, medo, solidão, enfim, o que é o ser humano.
Como não poderia deixar de mencionar, este pequeno texto acima, serve de introdução e homenagem ao grande escritor inglês contemporâneo, Nick Hornby. Que entre vários livros publicados, de grande aceitação de público e crítica, por se valer da ótima escrita, “Alta Fidelidade” é o seu carro-chefe. Uma breve sinopse do livro. Onde ele conta a história de um “looser” americano de classe média que possui uma loja de discos antiga, empoeirada e quase falida, em que os clientes que há frequentam são sempre os mesmos, a procura das mesmas bandas e artistas, tome-se a isso, dois colegas de trabalho atrapalhados com temperamentos antagônicos ao extremo. Tendo o personagem principal do livro, Rob Flamming, como um fazedor de listas nato. E ao ser abandonado pela sua namorada, ele revê sua dor enumerando inúmeras listas de filmes, músicas e livros, conforme o seu temperamento.
Um belo livro, escrito ao sabor do estado comum dos ingleses. Irônico, sarcástico (um afinado humor negro), grandes sacadas, e o principal, que eu os invejo tanto, a inteligência.
Como não poderia ser diferente, segue até o momento a minha lista de filmes e discos de 2009. (Em ordem crescente de predileção).



Filmes:

1- Entre os Muros da Escola
2- Katyn
3- Gran Torino
4- Sinédoque Nova York
5- O Visitante


Álbuns:

1- “Journal For Plague Lovers”, Manic Street Preachers
2- “The Eternal”, Sonic Youth
3- “A Woman A Man Walked By”, PJ Harvey & John Parish
4- “Fork In The Road”, Neil Young
5- “No Line On The Horizon”, U2


Músicas:

1- “Marlon J.D.”, Manic Street Preachers
2- “Black Hearted Love”, PJ Harvey & John Parish
3- “Magnificent”, U2
4- “Just Singing a Song”, Neil Young
5- “What We Now”, Sonic Youth

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ben Southall, o sortudo



Já temos o ganhador do cargo de zelador da ilha paradisíaca da Austrália. Ben Southall, britânico de 34 anos, teve o sonho concretizado. Ele trabalhará no “melhor emprego do mundo”. A vaga foi disputada por 34 mil candidatos de todo os países. Sendo que 16 finalistas de 15 países diferentes foram escolhidos para passar uns dias na ilha. Entre as atividades: receberam massagem, mergulharam, alimentaram tartarugas, correram, tiraram fotos, enfim, aproveitaram o que tinham em seus alcances. Nada mal.
O britânico assume o posto da maravilha dia primeiro de Julho. O contrato prevê um salário de 110.000 dólares por um período de seis meses de “trabalho”. Como passear pelas areis brancas, mergulhar, cuidar da fauna e flora locais, tirar fotos do local e postar no blog, e periódicas conferências com a mídia.
O emprego faz parte de uma propaganda do estado australiano de Queensland para estimular o turismo na região.

Black Francis, "Bluefinger"

Mais um disco solo do cara, que simplesmente criou e influenciou várias bandas que viriam depois dos Pixies. Se Kurt Cobain soltava ao vento que queria fazer uma música pefeita ao estilo do grupo de Boston, em contrapartida, Bono Vox deu a incumbência dos Pixies de abrirem a turnê européia do álbum “Achtung Baby”, talvez, o melhor disco do U2. Pouco? David Bowie dizia que a banda era melhor coisa surgida na década de 90.
Prolífico é apelido, em se tratando de Black Francis, num intervalo de um ano, ele sai do blues/folk/rock de “Fast Man/Raider Man” (um belo álbum duplo com um caldeirão de estilos diferentes) e realça um “retrocesso” as origens de seu som demente, berrado, simples, uivante, inteligente, cortante, em algumas músicas do inédito “Bluefinger”. Pois a maioria das faixas ainda é o domesticado Black Francis de “Dog In the Sad”. Longe de ser ruim. Aliás, duas ou três faixas até poderiam se passar, como "filhotes pré-nascidos" das músicas dos Pixies. Quardadas as devidas proporções. Num contexto geral, é um disco bem agradável de se ouvir, acima da média do que é lançado atualmente, e deixa a sensação que Mr. Black Francis é um cara acima de tudo, convicto com o que quer de seu som, levando sua carreira solo com muita dignidade e coesão, com pequenos tropeços aqui e acolá, mas num geral, o saldo é bem positivo. Mesmo sem toda a genialidade dos Pixies. Banda fundamental e atemporal na história da música.




Ps: Uma pequena amostra ao vivo dos Pixies, em "Debaser":
http://www.youtube.com/watch?v=avV1266d9k0. E o clipe do primeiro single do álbum, "Tight Black Rubber": http://www.youtube.com/watch?v=9pnvprcRt2o

terça-feira, 5 de maio de 2009

"Paranoid Park"

“Paranoid Park” de Gus Van Sant, é o retorno ao cinema minimalista do diretor. Onde a força da imagem contrapõe a falta de diálogo. Em uma história ligada à juventude e seus anseios, filmada pela ótica de um jovem skatista de 16 anos, que possui uma vida comum, de um garoto de classe média, até cometer um crime circunstancial. Onde a angústia, o medo, e a solidão, se tornam reféns de uma mente perturbada após o fato fatídico. Apresentando esta breve sinopse, vamos as nuances principais do filme.
Com o desenrolar da história, as cenas se mostram longas e em detalhes em relação à percepção dos atos do jovem skatista. Dando a impressão, muitas vezes, que estamos na alça de mira de seus movimentos. Acompanhando o filme com um binóculo que insiste em procurar algo de novo e revelador.
A câmera em slow motion, propositalmente, ilustram os momentos cruciais da trama, e que junto com a trilha sonora, faz uma fusão devastadora captando a sensibilidade de imagem e som. Já, a escolha das músicas de vários estilos diferentes, dão um sentido a mais de reflexão da vida. Ou, a analogia da volátil mudança de humor dos jovens, assim como eles mudam a cada segundo, as músicas de seus iPods.
O fato curioso do filme, é que Gus Van Sant, não se atém a explicar o seu desfecho final. Comum em suas obras. Ele retrata que os jovens, atualmente, em sua maioria, são pessoas deslocadas no tempo e no espaço em que os localizam. E que a amizade não é questão de afinidade. Como por exemplo, andar de skate não lhe trará necessariamente bons amigos.
No entanto, o mais importante em Paranoid Park, é mostrar a vida de um garoto skatista que busca em suas manobras solitárias de skate, as respostas para seus anseios na adolescência. Um filme de nosso tempo.

CD, mudança, realidade

Um texto antigo mas ainda atual, escrito aproximadamente há dois anos atrás. As coisas mudaram de lá pra cá. O dólar subiu, estamos em uma crise mundial, o surgimento do vírus da gripe suína, nossos iPods agora são celulares-musicais, e o melhor disso tudo, hoje com programas como youtube, myspace, e a própria internet como meio democrático e de alcance universal, os tais "tios patinhos" da indústria fonográfica, vivem de esmolas à procura de artistas e bandas que queiram fazer parte do seu time não mais "vitorioso". A mídia e a veiculação não estão mais em seus poderes e alcances, e, consequentemente, temos uma democrática demanda de bandas que buscam na rede, a liberdade de expressão e a criatividade, como um processo de reconhecimento nacional e mundial. Longe das amarras e do intuito do mais do mesmo que as gravadoras empunhavam. Enfim, segue o texto:


O CD está perto do último round, ou até mesmo, do nocaute, pois com a chegada do MP3, a desvalorização do dólar, a globalização para poucos, mas presente, o preço altíssimo dos CDs nacionais, a superficialidade, o interesse em consumir rápido em escalas gigantescas, são um dos fatores que levam ao falecimento do CD físico.Considero-me um lunático por comprar discos, hoje em dia. Sinto-me um E.T. (Spielberg?) quando entro numa loja deste departamento e tiro minhas economias por um álbum, porém, sou ainda do tempo de escutá-lo lendo o encarte e vendo o trabalho gráfico da capa de cada álbum, ver as suas fotos, qual instrumento o músico tocou em cada música, os créditos pessoais, enfim, gosto de ter o disco em vinil ou em CD, em minhas mãos. Mas reitero, sou um dos poucos.Compro CD por amar a arte e as bandas e artistas que eu coleciono e acompanho de perto. Levam-se anos para ter uma coleção de discos. Uma “tarefa” contínua e que exige uma boa condição econômica. Em pesquisas feitas pelas principais gravadoras nacionais como a EMI, a Sony e a BMG, apontam o consumidor jovem, como o principal “vilão” do aumento da queda das vendas de CDs originais. Alguns desses fatores são a não renda fixa, o interesse maior pela estética pessoal, e pela ânsia e competição em querer ter mais músicas armazenadas em um objeto pequeno, prático e de capacidade universal de alcance, o iPod. Enfim, uma competição de quantidade do que qualidade. Claro, existem exceções. No entanto, o CD é um objeto caro, em vista da renda econômica do brasileiro em geral. Não faz jus ao seu poder de aquisição. Este é um assunto muito complexo que envolve o bom senso e o lado econômico, que num mundo capitalista, estas duas conjunturas, não se associam, não se homogeneízam. Pois o “barato” para mim, pode não ser o “barato” para o outro, devido à disparidade socioeconômica de nossa sociedade. Acho um tanto subjetiva esta questão, mas ainda tenho a esperança de acreditar no bom senso alheio, de um dia, abaixarem o preço final dos CDs. Um exemplo total de perda de direção foi a nossa indústria fonográfica ter lançado um disco para download, e ainda pago, de uma das bandas mais legais como o Manic Street Preachers, sem ter a menos a previsão de lançamento do disco físico nacional. Enquanto isso, o nosso tímpano tem que aturar a cada ano, mais um disco de pagode, sertanejo e pop brega. As gravadoras têm o dever de dar espaço para todos os gêneros musicais. O que não acontece. Este é um exemplo crasso da valorização do superficial e do que vende mais. Pensar em quantidade de lucro, pela qualidade insignificante de lucro. A cultura desce. O preço sobe, e a população fica à mercê destes calhordas. Os "tios patinhos" da nossa “solene” indústria fonográfica.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pensamento

O ato de escrever é um exercício contínuo de sabedoria e aprendizado.
É também a melhor maneira de se expor algo, sem ter que direcioná-lo fisicamente a alguém.